segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

ANTES QUE SEJA TARDE – POR SERGIO VAZ


Se não fosse tão covarde acho que o mundo seria um lugar melhor pra viver.
Não que o mundo dependa só de mim para ser melhor, mas se o medo não fosse constante ajudaria as milhares de pessoas que agem pelo mundo como centelhas tentando criar uma labareda que incendiasse de entusiasmo a humanidade. Mas o que vejo refletido no espelho é um homem abatido diante das atrocidades que afetam as pessoas menos favorecidas.

Porque se tivesse coragem não aceitaria as crianças passarem fome, frio e abandono nas calçadas, essas que parecem fantasmas, nos assustam nos semáforos com armas na mão, nos pedem esmolas amontoadas em escolas que não ensinam, e por mais que elas chorem, somos imunes a essas lágrimas.

Você acha que se realmente tivesse coragem aceitaria uma pessoa subjugar a outra apenas pela cor da sua pele? Do seu cabelo? Um poema é quase nada disso tudo.
Sou um covarde diante da violência contra a mulher, da violência do homem contra o homem que só no Brasil são 50000 deles arrancados à bala do nosso pacífico planeta. Que dizer da violência contra os homossexuais que são apedrejados nas calçadas das avenida elegantes?

E se tivesse mais fé na minha humanidade de maneira alguma aceitaria que um Deus fosse melhor que o outro, mas sou tão covarde que nem religião tenho, e minhas mãos que não rezam, já que estão abertas, poderiam ajudar a construir um templo onde caberiam todas elas, mas eu que não tenho fé nem em mim mesmo sou incapaz de produzir esse milagre. De repartir o pão.

E porque os índios estão tão longe da minha aldeia e suas flechas não atingem meus olhos nem meu coração, não me importo que lhe tirem suas terras, sua alma, seus rios, e analfabeto de solidariedade não sei ler sinais de fumaça, eles fazendo guerra eu fumando o cachimbo da paz. Se tivesse um nome indígena seria cachorro medroso.
Se fosse o tal ser humano forte que alardeio por aí, não concordaria em aceitar famílias inteiras sem onde morar, vagando em busca de terra, ou morando em barracos de madeiras indignas pendurada nos morros, ou na beira de córregos. Não nasci na favela, mas ,eu coração é de madeira, fraco.

A lei condena um homem comum que rouba outro homem comum e o enterra na masmorra moderna, mas nada faz contra aquele político corruto que rouba milhares de pessoas apenas com uma caneta, ou duas, e que de quatro em quatro anos a gente aperta-lhes a mão, quando na verdade devíamos cuspir-lhes na cara. E eu como um juiz sem martelo não faço nada além de condená-lo ao meu não voto. É pouco, já que sei onde eles se entocam. A lei é cega, mas acho que lhe fizeram transplante de órgãos numa dessas votações secretas.

Assisto a falência da educação e o massacre contra os professores e sei que muitas vezes o resultado de ensino de qualidade mínima é presídio de segurança máxima, fico em silêncio quando a multidão desinformada pede redução da maioridade penal, porém, mal ela sabe que se não educarmos nossas crianças vão ter que prendê-las com 16 anos, depois 14, depois 12, depois, não teremos mais crianças nas ruas. E elas, as ruas, serão tão seguras que a gente vai sentir falta das crianças. Época em que os brinquedos serão visitados nos museus.

Estão cortando as árvores, cortand as árvore, cortan a árvore, cort árv, co á… madeiraaaaa! E aceito a cara-de-pau dos donos das serras elétricas e sei que o machado está nas minhas mãos. Depois fico abraçando o lago poluído quando na verdade deveria estar mergulhado nele, assim como os peixes mortos.

Pagos os meus impostos e sei que eles não fazem nada com eles, ainda assim faço propaganda da minha consciência tranquila. Desconfio que é essa tal consciência tranquila que está acabando com o mundo.

Calado assisto a falsa democracia deste país ilegal, sem alvará de funcionamento e sem licença pra ser pátria, e me emociono com o hino nacional cantado antes do jogo da seleção canarinho.

Perdoe-me por apenas ser poeta, e ter apenas poemas como arma, ainda que ninguém me diga, sei que isso é muito pouco, quase nada. O sangue que pulsa na veia tinha que estar nos olhos.

O Mundo gosta das pessoas neutras, mas só respeita as que tem atitude. Se não posso mudar o mundo deveria a mudar a mim mesmo.

Acho que é isso que vou fazer agora.

Antes que seja tarde.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Descomplique-se

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Encarar os fatos da vida nus e crús é o que descomplica o ato de viver. Cada ser é único e tem seu próprio modo de experimentar a sua existência. Por isso, é muito mais simples viver tendo a consciência, que para ter uma vida boa, não é necessário se encaixar em modelos alheios. Não é necessário ter as posses que todos têm. Não é preciso seguir modismos e modelos de sucesso. E principalmente, não é preciso agradar a todos. Saber disso e viver isso é libertador.

Evidentemente que só porque uma coisa é simples não significa que ela seja fácil. Pelo contrário, agir com esse desprendimento é um caminho árduo, trata-se de um processo e não acontece do dia para a noite. Uma empreitada tão difícil que a gente passa a vida toda nela.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Rita Lee - Acústico MTV


Para quem gosta de boa música brasileira, recomendo assistir este DVD. 

Rita Lee é uma mulher admirável, autêntica e plena!

Espero que gostem!

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Sócrates: um Filme de Roberto Rossellini


Sócrates: um Filme de Roberto Rossellini

Admirável mundo novo - Aldous Huxley


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— E esse — interveio sentenciosamente o Diretor — é o segredo da felicidade e da virtude: amarmos o que somos obrigados a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Luc Ferry - A Revolução do Amor

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"Que tipo de vida, que relação assumir com os outros, especialmente com aqueles que amamos — 
potencialmente todo homem é amável, e podemos 
ter encontros ao longo de toda a vida —, sabendo-se
 que, assim que um ser nasce, ele é velho o bastante para morrer?"

"Como viver com aqueles que amamos sabendo que eles são mortais, e nós também? Como viver o luto do ser amado numa sociedade que não crê mais na imortalidade da alma, nem no feliz reencontro post mortem? Como aceitar as transformações da paixão amorosa no seio do casal sabendo que ela, em geral, tem um tempo, e que nem sempre é uma doce amizade que toma seu lugar?"

"O que significa, aliás, a expressão “vencer na vida”, se não a reduzirmos à dimensão puramente social e material?"

"A dignidade de um ser não depende dos talentos recebidos com o nascimento, mas do que ele faz deles, não da natureza e dos dons naturais, mas da liberdade e da vontade da pessoa humana, quaisquer que sejam seus dotes iniciais."


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Por que virou “IN” assistir a Ana Maria Braga? - Por Ana Maria Braga


Muita gente diz que a vida é generosa comigo.
Eu concordo.
Mas queria pontuar uma coisa – nessa vida, só colhe quem semeia. Não tem colheita farta se você não dedicar seu tempo plantando.
Vejo muitos jovens buscando sucesso imediato. Pessoas no começo da carreira almejando algo instantâneo. Só que, cada vez mais, também presencio uma onda de frustração muito grande dessa geração. Pessoas que acabam iludidas pelo que é instantâneo. Querem arrancar a fruta sem nem adubar o solo.
Vim de uma família que não tinha muito dinheiro. Mas meu coração sempre alimentou muitos sonhos.
Os sonhos podem ser sementes poderosas. Mas, sozinhos, eles não fazem muita coisa.
Experimente jogar sementes num piso de mármore e me diga depois.
Por isso, sei que existem momentos de plantar, existem momentos de colher. E eu sempre respeitei isso na vida.
Só que também sei que, por mais que eu esteja tendo uma boa colheita agora, ela só será possível amanhã se eu continuar plantando incansavelmente.
Estou contando isso pra vocês porque pode parecer estranho para alguns eu, como estrela de primeiro escalão de uma grande emissora, possa estar tão feliz com os resultados de minha atuação na internet.
Faz pouco tempo que mudei todo o meu site, fiz uma plataforma mais colaborativa, orgânica, e mesmo tendo uma presença digital forte, sabia que podia investir mais em receitas, trazendo aquilo que sei fazer melhor de um jeito que chegue em todas as idades, agradando quem é de internet e quem e de radinho de pilha.
Dizem que eu estou na moda. Que virou ‘in’ assistir Ana Maria, que os jovens piram com meus memes na internet.
A única coisa que eu posso dizer é que o show sempre tem que continuar. Enquanto tem música, dance. Pode mudar o ritmo, a estrofe, e até o cantor. Mas uma coisa é certa – quem se recusa a acompanhar a evolução dos tempos, acaba se entupindo de nostalgia. Engolido pelas próprias raízes.
Eu quero colher. Quero plantar. E quero criar tendência.
Não importa a sua idade. Não importa de onde você veio. O que importa é pra onde você vai. E mesmo que a gente vá um dia acabar tudo no mesmo buraco – esse intervalo entre o nascer e morrer só depende da sua habilidade em se reinventar diariamente.
A vida pode ser generosa com todo mundo.
Plante incansavelmente. Mesmo sob tempestade de areia.
E esteja aberto a ouvir os conselhos das pessoas.
Acho que essa é a maior generosidade que você pode ter consigo mesmo.
Fonte: https://goo.gl/vv2xK6